Filhos de um Divórcio
Quando nos separamos a Ana tinha 4 anos.
Foi uma guerra longa e dura que durou 1 ano nos tribunais, no fim terminou com guarda compartilhada.
Nessa altura chorei durante dias, foi uma dor agonizante, malditas sextas... O dia da ida para o pai era o dia em que o meu coração se partia em mil.
No inicio ainda havia muita raiva, odio e dor, e posso dizer que o primeiro ano de guarda compartilhada foi um inferno. Sentia que o meu peito ia explodir a qualquer momento, e não aceitava o facto de passar uma semana sem poder ver a minha filha...
Quando duas pessoas foram tão próximas como eu e o pai da Ana, e viveram uma próximidade de uma maneira única, aquilo que podemos chamar de intimidade, e que termina da maneira que terminou, ficam marcas para sempre na nossa memória, e é portanto inutil e ingénuo tentar apaga-las, acabando com o tempo, a aprender a conviver com elas.
Hoje e nos ultimos 3 anos, temos conseguido conciliar as coisas, é obvio que não nos lambemos, falamos o minimo e indispensavel e a maior parte das vezes nunca estamos de acordo, mas fazemos um esforço por estar presentes e lado a lado nos momentos importantes da vida dela.
Felizmente para a Ana, têm um "padrasto" e uma "madrasta" espetaculares e que ajudam muitissimo no seu crescimento e educação.
Há um ano, foi a 1ª comunhão da Ana, e pude constactar que, das 18 crianças que estavam lá. 6 eram filhos de pais separados, e apenas nós e mais um casal é que esteve lado a lado e fez o almoço da comunhão em comum, bem como participamos lado a lado no coro da missa, que era composto pelos pais das crianças.
Alguns pais nem a missa apareceram, e isso mecheu comigo ( mesmo não tendo nada a ver com isso) porque não entendo... Nestas idades nós os pais, somos os super herois dos nossos filhos, e não há nada mais feliz para eles do que nos ter lá naquele dia naquele momento. Cabe-nos a nós adultos proporcionar o bem estar fisico e emocional das crianças, e por mais sapos que tenhamos de engolir ( daqueles gordinhos com as patinhas a mexer) temos de o fazer, porque eles são os únicos que não tem culpa.
Penso que apesar de todas as situações, sinto-me orgulhosa por a Ana ter dois pais que a acompanham ao longo da vida ambos da mesma maneira 50/50.
Ambas as famílias, por mais que não se falem, fazem um esforço enorme por se comportar e tentar conviver em comum quando as situações assim o obriga, e isso faz de mim uma mãe orgulhosa.
Já passaram 6 anos do divórcio, estou a mais tempo separada do que estive casada, e hoje acho que apesar das correntes e das tempestades ambos encontramos o rumo certo.
Hoje estou com alguém que amo mais de dia para dia, estou com aquela pessoa que tanto pedi a deus e nos desabafos com a minha almofada. - Mas essa história fica para outro post.