Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Uma vida igual a outras

Aqui nada se escreve, tudo se transforma... Uma história de vida igual a outras...

Aqui nada se escreve, tudo se transforma... Uma história de vida igual a outras...

Uma vida igual a outras

12
Jul08

De pai para filho

Cris




Qual o pai que um dia não pensou desta maneira? "Ah! Seria tão bom se existisse um manual completo que ensinasse e orientasse como ser pai em todas as etapas de vida dos filhos!

Imaginemos, então, o título: "Manual de Instruções para ser Pai ".

Na capa, estaria escrito: "leia antes do nascimento do seu filho e consulte sempre que tiver dúvidas".

A seguir, viriam os itens ligados à descrição das características, funções básicas, como manejar e como lidar com possíveis problemas, suas causas prováveis e soluções. Enfim , um manual que desse cobertura a todas as dúvidas do pai.

Mas não é bem esta a realidade e, por mais que existam conselhos bem intencionados das pessoas próximas, livros, artigos e uma infinidade de recursos onde buscar ajuda, a grande verdade é que, na hora "H" de exercer a paternidade, muitos pais ficam paralisados e sem saber como agir. Nesta hora de fundamental importância, a posição de pai deixa um espaço vazio, no qual qualquer um pode entrar.

Todos sabem que cabe à paternidade uma parcela da responsabilidade em cuidar, educar, proteger e preparar seus filhos para o ingresso na sociedade. Quanto mais dedicação, maiores e melhores serão os resultados no que diz respeito às condições de bem estar físico, mental e social dos novos cidadãos que estão se formando. Não há outro jeito. Trata-se de um processo relacional de crescimento e amadurecimento ímpar na vida. O pai irá aprender a ser pai com seus filhos e os filhos irão aprender a ser filhos com seu pai. Uma relação de ida e volta, um e outros ensinando e aprendendo.

Na verdade, podemos dizer que todos os pais, com certeza, buscam inspiração na geração anterior mais próxima, que é a dos seus próprios pais. Este é o modelo que está mais à mão; afinal de contas, o novo pai já vivenciou como filho a experiência.

No entanto, aí se encontra um perigo: a experiência que ele viveu foi "como filho", perceberam? Ele não poderá esquecer-se de que passou uma geração, mudou o contexto, mudaram as pessoas e que a situação atual é novíssima e diferente. Se esquecer, poderá cair na tendência de repetir tudo igualzinho ao que seu pai fez, ou então, voltar-se para o outro extremo de maneira radical. O grande e difícil desafio é atualizar esse modelo para os dias atuais e incrementá-lo com uma boa dose de criatividade.

Encontramos um exemplo a esse respeito ao observarmos três gerações passadas nos últimos cinqüenta anos, considerando, é claro, as mudanças ocorridas na sociedade.

O pai dos anos 50 / 60 era quem provia o sustento da família, "dava as ordens" e era pouco afetivo (isto ficava para a mãe, que era a cuidadora da família). A geração que se formou nesse tempo, em função de sua experiências, criticou este modelo de pai. Sentiu-se reprimida.

O pai dos anos 70 / 80, com a melhor das intenções, educou seus filhos de maneira diferente, mas não deixou de estar no outro extremo: expressou afetividade pelos filhos, deu-lhes amor incondicional e liberdade total para exercitarem suas emoções, limites e potencialidades. A geração que se formou nesse tempo sentiu dificuldades para se adaptar às leis e normas da sociedade.

E agora, a geração de pais dos anos 90 / 2000 encontra-se diante de uma nova demanda, que é enfrentar o grande desafio de ser objetivo e claro, ao ditar regras e condutas e saber dar limites. E mais ainda: de aproveitar o que há de melhor nesses dois modelos das gerações passadas de seu pai e avô, entendendo que a frustração, a raiva, o ódio, a disputa e a privação fazem parte do aprendizado de uma criança, tanto quanto o amor, a proteção, o carinho, a confiança e o afeto que ele deve receber dos pais.

Se nos perguntarem qual o recurso mais precioso, no que diz respeito à paternidade, que um pai pode encontrar fora da experiência de relacionamento com seu filho, diremos que ele existe e está próximo e disponível para ser revelado. E que revelação!!! Não basta apenas buscar inspiração : é preciso ir mais longe e encontrar outras explicações.

Trata-se de um encontro de gerações de pais, desde o bisavô (nas famílias que têm esta felicidade), até (e por que não?) os filhos que ainda estão longe de serem pais, mas o são em potencial, para trocarem e revelarem experiências e sentimentos vividos na relação pai / filho. Meio parecido com uma reunião do "clube do bolinha", mas só de pais e filhos.

É o que recomendamos a todos vocês, pais e filhos. Experimentem! Promovam este encontro, nem que seja por alguns minutos, mas conversem sobre as mais variadas situações da paternidade, indaguem como foram vividas, quais as certezas e incertezas, as dificuldades, quem mais ajudou, quem mais atrapalhou, como fizeram, o que deixaram de fazer, o que teriam feito diferente, como buscaram ajuda e como resolveram. Chorem, riam, descubram a identificação que os une e deliciem-se em tornar este, um encontro mágico.

Ana Silvia Teixeira e Vera Risi
Terapeutas de Família

1 comentário

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2017
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2016
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2015
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2014
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2013
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2012
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2011
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2010
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2009
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2008
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub